A NOSSA MUSICA
Santarém deve ser uma das raras cidades interioranas do Brasil que se podem
orgulhar de possuir música própria, com características peculiares e definidas.
Não
sabemos com precisão até que ponto
o Sortilégio da velha "Aldeia dos Tapajós”, as belezas que nos cercam, são
responsáveis pela inspiração dos nossos poetas e compositores. Mas inegável que o ambiente exuberante, com uma paisagem
privilegiada em que se entrechocam, num combate eterno, dois portentosos rios vem
exercendo muita influência sobre o espirito dos musicistas locais; são numerosas as canções que enaltecem a gleba
mocoronga, seus atrativos e singularidades.
Assim já foram transportados para os acordes dos pianos e dos violões, para
o ponteio do cavaquinho, para a maviosidade do som das flautas. muitos dos encantos
com que Deus nos brindou, desde as praias alvinitentes, cuias pintadas e ventarolas,
até os mitos e crendices tradicionais da Amazônia. Entre estes, há o fascínio irresistível
do canto do Uirapuru, as perfídias da Iara ou Mãe d’Agua e as maroteiras do Boto namorador, essa deliciosa lenda em
que tantos ribeirinhos ainda hoje acreditam piamente, pois muitos são capazes de jurar que viram "quando Boto virou
gente"
(Do Programa da Festa da Conceição" de 1968) SAIBA MAIS