Caros leitores, estou publicando uma matéria sobre a Cabanagem é um livro de CARLOS ARRUDA "CABANOS! NOVELA HISTÓRICA" DE 1969 - BELÉM - PARÁ como é um pouco longo irei publicar por partes, a obra e visão do Escritor são excelentes.
No Engenho do Murutucu são onze horas da noite de 6 de janeiro de 1835. Antônio Vinagre passa lentamente pelos grupos de cabanos que acocorados ou sentados matam o tempo da espera. Pequeninas fogueiras fazem luzir as lazarinas, os mosquetes e as espadas. Para todos tem Vinagre um aceno de incentivo e uma recomendação final. Ao se aproximar de um pequeno grupo, ainda ouve as últimas palavras de um preto alto, espadaúdo e risonho.
CARLOS ARRUDA "CABANOS! NOVELA HISTÓRICA" DE 1969 - BELÉM - PARÁ - Parte I e II
CABANOS! NOVELA HISTÓRICA
CALOS ARRUDA
BELÉM - PARÁ - 1969
Parte III e IV
- pois é minha gente. Tanto a gente morre de bala ou de ferro, quanto de fome, sede e chicote no tronco.
É Domingos Onça quem fala e termina de contar a sua história a dois acaraenses que não o conheciam. Nesse instante vem a ordem da marcha e o grupo levanta-se de um salto. Domingos atira-se, em largas passadas, para a frente da coluna que se desloca com o ímpeto do entusiasmo há horas sofreado pela espera. Marchando pela estrada do Utinga, José Santos, um dos ouvintes, recorda a história de Domingos, tão diferente da dele. Domingos tinha sido um escravo fugido do Engenho do Carnapijó e escondido num dos muitos arraias localizados no interior da Ilha dos Onços. Vivia em companhia de outros fujões, à custa da pesca, caça e furtos nos engenhos vizinhos. Vida sem tronco e sem peias, mas ainda escravo; escravo do medo!
Um dia Domingos fugiu de novo. Desta feita de tudo e de todos, alistando-se nas hostes dos patriotas do Acará; ele e seus companheiros de arraial. A resistência física, a agilidade e o destemor de Domingos nos combates deu-lhe a alcunha entre os cabanos. Ainda com as palavras de Domingos no ouvido, José olha seu irmão Antônio e lembra a sua história. SAIBA MAIS